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sábado, fevereiro 18, 2006

06-10-1985

Encontro-me num estado que não creio ter vivido antes. É muito bom, mas ao mesmo tempo faz-me querer chorar, chorar mas não sei se de alegria.
É um calor intenso e um friinho desagradável. Confortável, como a melancolia de uma manhã de chuva triste.
O frio faz-me respirar ofegante, com medo. O calor enleia-me, contente.
Ando e sigo em frente induzida, por que forças não sei. É como se tentasse alcançar algo, tocar uma nascentede água límpida e luminosa, com frevor, e nunca conseguisse chegar. Mas caminho sempre. O caminho é ladeado de lindas flores coloridas. Que por serem tão belas não quero pisar. A cor cega-me e maravilha-me, o perfume que exalam confunde-me, estontea-me docemente. Prosseguindo, ladeada de beleza intensa, piso, descalça, silvas rasteiras que atapetam o caminho e me ensanguentam os pés e me fazem chorar de dor. Mas estou feliz...
Rastejo, rastejo, tentando, sôfrega, beber dessa água fresca. Os meus lábios, rubros e inchados de desejo, tacteiam em busca dessa frescura.
Ao dançarmos sinto-me feliz, mas não posso tocar-te (que desespero). Mas tu excedes-te vendo-me assim, iluminada, bailando à tua frente. Nua e branca e estrelada.
Queres beijar o meu ventre. Fujo-te desvairada correndo para ti. Rimo-nos em gargalhadas estridentes.
Tudo é vermelho e laranja e reluzente. Como se vagueássemos num espaço musicado por entre estrelas e sóis.