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sábado, fevereiro 11, 2006

26-12-1984


Ânsia... Que tenebrosidade, que largueza, que profundidade. Tão grande que não lhe chego... mas sinto-a...
Ânsia é uma vontade..., de quê? É um querer, é um querer de nada e tudo querer... Ânsia, que brota, sem cessar, de uma nascente convulsa; de uma fonte luminosa em esplendor; que vem, que vem vindo, que vai estando... Oh, que ansiedade!
Correr, correr muito e muito depressa, alcançar tudo e tudo abraçar, com amor... mas eu não sei correr assim, pelo menos tão depressa. Oh, sonhar. Sonhar! Sonhar as alegrias e as tristezas ou até, quem sabe, as ansiedades, que coisa maravilhosa, que redor fascinante e aterrador, que corrupio...
Tanta, tantas coisas. Movimentos: correrias, agitação, ventania, pensamento; Pausas: , é impossível parar..., andar, correr, continuar, sempre, ainda... que redemoinhar!! Tanta, tantas coisas!!
Largos, grandes, compridos, senhores, reis, que dinastia a nossa... Não sei, ninguém sabe ou saberá o que se passou e o que se passará. Todos nós... que desgraça... Nós? Quem somos? Sabes?
Nós? Quem somos? Sabes? Eu sei... fomos o que somos e o que seremos... é tão fácil... tão redutível...
Nós? Somos aqueles que passamos...
NÓS SOMOS AQUELES QUE PASSAM.
Medo. Que pequena grande palavra, que imensidão, que medo!
Silêncio, o que é? Não existe! Não pode, não deixam... o Silêncio é o desgraçado, o preso condenado perpetuamente... coitado...
NÃO! Silêncio... não existe, não é condenado nem preso... NÃO!
O silêncio existe em nós escondido, nós sabemo-lo, nós temo-lo, ele está... comigo... sozinhos, desamparados!
[Pintura: Os Cipestres, 1889, Vincent van Gogh]